Introdução Projetos são utilizados como ferramenta estratégica para implementar uma oportunidade de negócio identificada e requerem a validação de sua linha de base em termos de qualidade (escopo), prazos e custos considerando os riscos associados e as possíveis mudanças das premissas adotadas. Projetos de capital, também conhecidos como CAPEX, são iniciativas complexas relacionadas a investimentos elevados e de longa duração que visam expandir, manter ou aprimorar um ativo de capital, mantendo um forte alinhamento com os objetivos estratégicos do negócio. Devido a sua complexidade, escala e riscos associados, os projetos de capial exigem que sejam definidos e desenvolvidos de forma gradual e estruturada pois implica em intensas negociações, grandes responsabilidades e um alto nível de prestação de contas para assegurar que alcance as metas de qualidade, prazos e custos previstos. Neste sentido, o método Front-End Loading (FEL) é aplicado por organizações de diversos segmentos devido a diminuir o risco de dispêndio de investimentos em projetos que não iriam trazer retorno. Exemplos de projetos de capital seriam a instalação de um oleoduto ou de uma planta produtiva, a construção de um edifício, uma ferrovia ou um sistema rodoviário e até mesmo a implementação de um software (ERP) que impacta na organização. Podem estar inseridos em um contexto de portifólio ou programa de projetos. História do FEL O termo Front-End Loading (FEL) foi cunhado pela empresa DuPont em meados de 1970 e pode ser traduzido como "carregando desde o início" e representa um processo de definição e desenvolvimento de projetos de capitais por meio de fases e portões de decisão que se baseia na premissa de que a melhoria nas atividades de definição do projeto reduz o número de "claims" (reinvindicações) ao longo da execução, quando os custos para alterações são elevados. Esse processo já era aplicado anteriormente pela empresa EXXON, desde 1960, e provavelmente foi desenvolvido em paralelo por diversas empresas e seu uso passou a ser cada vez mais frequente em indústrias dos mais variados segmentos, tais como: Óleo & Gás, Petroquímico, Químico, Mineração e Metais. A partir de 1981 o IPA ((Independent Project Analysis) desenvolveu o método FEL como conhecido atualmente, definindo-o como "um processo pelo qual uma empresa traduz suas oportunidades de negócios e tecnologia em projetos de capital" e criou o Índice FEL. “O Índice FEL é a medida quantitativa do IPA da qualidade da definição do projeto calculada em qualquer estágio do projeto, desde o projeto conceitual até a conclusão das entregas iniciais e antes da autorização do projeto. O Índice FEL mede o risco que um projeto enfrenta de atingir os resultados planejados do projeto e é altamente preditivo dos resultados do projeto.” Características do FEL O objetivo do método FEL é obter uma compreensão detalhada do projeto para minimizar o número de mudanças durante as fases posteriores de execução do projeto. O FEL prossegue até que o projeto “certo” seja selecionado e não é concluído até que um pacote básico de engenharia completo seja entregue. A qualidade do FEL é um indicador chave dos resultados do projeto. (IPA). O FEL pode gerar valor significativo para os proprietários do projeto, proporcionando benefícios como os seguintes:
O método FEL é uma análise da engenharia de um projeto complexo considerando 3 (três) fases iniciais de aprovação, designadas como FEL 1, FEL 2 e FEL 3 (portões de decisão), nas quais são avaliadas informações confiáveis sobre as questões críticas que possam vir a causar impactos significativos em relação ao objetivo da fase:
As fases do FEL são consideradas etapas de definição do projeto, sendo responsáveis por todo o planejamento, definindo o que será feito, quando, por quem e quais os recursos necessários. O ciclo de vida do método FEL pode ser visualizado na figura acima. Os portões são etapas formais de aprovação ao longo do processo. Para cada portão, determinadas informações e entregas são definidas como a base para a decisão de prosseguir ou não, para a próxima fase e até mesmo decidir pela sua não execução. Obs.: Alguns autores designam a "oportunidade identificada" como FEL 0 por gerar uma documentação mínima para sua descrição, tais como: idéia do negócio, justificativa, estimativa preliminar de custo, pré-escopo e objetivos e metas. Planejamento Estratégico O Planejamento Estratégico (P.E) é “um processo gerencial para formulação e implementação de estratégias que estabeleçam a natureza e a direção futura da organização em termos de negócios, produtos, mercados e vantagens competitivas, organizando sistematicamente as atividades necessárias à execução destas decisões” focadas na perenidade da Missão, de longo prazo, e da Visão, de curto e médio prazo, da organização. Segundo Michael Porter, “o objetivo de uma estratégia é encontrar uma posição dentro do mercado, de forma que a organização possa se defender contra as forças competitivas dos concorrentes ou influenciá-las a seu favor”. É durante a execução do P.E. que as organizações identificam oportunidades de negócios (idéias) que podem justificar (Business Case) um projeto de capital. Detalhando o método FEL “O método FEL é iniciado após a identificação de uma oportunidade de negócio, justificada por meio de objetivos e metas e apresentada em um escopo e uma estimativa de custos preliminares. É adequado que o Patrocinador (Sponsor) do Projeto esteja formalmente designado.” FEL 1 – Oportunidade de Negócio O objetivo dessa fase é analisar e validar a oportunidade de negócio identificada e selecionar alternativas técnicas a serem avaliadas na próxima fase, respondendo às seguintes questões:
Essa fase visa estimular a criatividade e aprimorar a tomada de decisão estratégica através de uma melhor definição dos objetivos do projeto, suas restrições e suas opções potenciais. Ao final do FEL 1, ainda existirão muitas outras perguntas sem resposta sobre a forma exata de se conduzir o projeto. Diferentes opções de escopo estarão sendo consideradas e a estimativa de custo do investimento ainda possuirá uma ampla margem de incerteza, entre -25% e +40%. Uma fase forte do FEL 1 aumenta – em vez de reduzir – as chances do projeto ser um sucesso com base na elaboração de um Business Case robusto. Os esforços nesta fase se concentram em "o que" é necessário, ou seja, os requisitos do usuário, para formalizar as suas necessidades em alinhamento com os objetivos de negócios (e menos foco em "como" atingir esses requisitos, ou seja, detalhes de soluções técnicas), assim como determinar o modelo de execução (parceiros de Engenharia, empreiteiros gerais, Suprimento, Aquisições e Construção, Arquitetura,etc.). Os desvios deste modelo deverão ser justificados em FEL 2. As entregas dessa fase podem ser resumidas em:
Em termos de viabilidade do investimento deverão ser mensurados os seguintes indicadores:
Com base nessas informações o portão de decisão FEL 1 deverá assegurar a garantia e o endosso das estimativas para o prosseguimento do projeto, ressaltando que tais garantias são mais difícies do que àquelas a serem extraídas em FEL 2 e FEL 3 devido ao elevado nível de incertezas. Em geral, apenas 25% dos projetos são aprovados nessa fase, mas irão demandar novas avaliações e estudos em FEL 2. FEL 2 – Engenharia Conceitual O objetivo dessa fase é avaliar as alternativas técnicas apresentadas em FEL 1 e definir o conceito do projeto, refinando as premissas e atualizando os dados econômicos para iniciar a definição do projeto. “Projeto Conceitual é a fase inicial do processo de elaboração de um projeto. O projeto conceitual é destinado à concepção e à representação do conjunto de informações técnicas iniciais e aproximadas, necessários à compreensão da configuração da obra, podendo incluir soluções alternativas.” O objetivo dessa fase é avaliar as alternativas técnicas apresentadas em FEL 1 e definir o conceito do projeto, refinando as premissas e atualizando os dados econômicos para iniciar a definição do projeto. Nessa etapa são realizadas as análises das soluções tecnológicas e construtivas associadas ao projeto para determinação de uma dessas soluções e com as definições básicas das instalações, incluindo as edificações, prevendo uma variação nos custos entre –15% e +25%, além da seleção das VIP´s (Value Improving Practices) a serem aplicadas no desenvolvimento da engenharia básica em FEL 3. Também são realizadas avaliações de riscos associados à Qualidade, Segurança e Saúde Ocupacional e Meio Ambiente (QSMS), assim como Segurança de Processo e Fabricação (P&PS). O retorno financeiro é um parâmetro decisivo para que o projeto siga para a fase FEL 3, caso não seja apresentado retorno acima da taxa mínima de atratividade, ou seja, apresente um VPL (Valor Presente Líquido) menor que zero, o projeto é cancelado. Além dessa análise, é feita uma estimativa do dispêndio de capital (CAPEX) necessário para implantação do projeto, compensando o baixo conhecimento com imprecisão em contingência. As entregas dessa fase podem ser resumidas em:
Em geral, apenas 50% dos projetos remanescentes de FEL 1 são aprovados nessa fase e seguem para as avaliações em FEL 3. FEL 3 – Engenharia Básica O objetivo dessa fase é desenvolver a engenharia básica, o plano de execução e a estimativa de custo detalhados para a alternativa selecionada na fase anterior. “Projeto Básico é a fase destinada à definição dos elementos e serviços que constituirão a obra. O projeto básico tem por objeto identificar com maior assertividade as características básicas do produto final. Nesta etapa são realizado estudos de viabilidade e definições das melhores técnicas a serem adotadas para execução da obra.” Nessa fase o foco dos trabalhos é no planejamento pré-projeto, estimativas de custo precisas, alinhamento antecipado e definição robusta do escopo. Um dos métodos mais comuns utilizados para enfrentar esses desafios é por meio do processo de engenharia e design front-end, ou FEED.
É ao final dessa fase que a aprovação do projeto pela Alta Direção ocorre tendo em vista que a probabilidade de mudanças de escopo é muito menor e as estimativas de custos variam entre –10% e +10%, além da consolidação do principias indicadores de viabilidade do negócio que irão subsidiar essa decisão. Dos projetos remanescentes de FEL 2 temos uma taxa de aprovação de 99% em FEL 3,equivalendo a 12% dos projetos iniciados em FEL% em FEL 3,equivalendo a 12% dos projetos iniciados em FEL 1. As entregas dessa fase podem ser resumidas em:
Índice FEL O Índice FEL é a medida quantitativa do IPA da qualidade da definição do projeto calculada em qualquer estágio do projeto, desde o projeto conceitual até a conclusão das entregas iniciais e antes da autorização do projeto. O Índice FEL mede o risco que um projeto enfrenta de atingir os resultados planejados do projeto e é altamente preditivo dos resultados do projeto. O IPA mantém um banco de dados das melhores práicas de projeto (benchmarking) que subsidia o cálculo do índice IPA considerando 3 (três) aspectos do projeto:
Fatores de Sucesso Os atributos para o sucesso e fundamentos para a competitividade são:
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