Em setembro de 2015 a ISO (International Organization for Standardization) emitiu, após 16 anos, uma revisão efetiva das normas ISO 9000 e ISO 9001 para Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) refletindo as práticas empresariais modernas, as mudanças do ambiente de negócios, o uso intensivo da tecnologia da informação e a nova terminologia dos negócios. Nos artigos anteriores apresentei entendimentos sobre as cláusulas 4, 5 e 6 da norma ISO 9001:2015 que encerram a etapa de Planejamento do ciclo PDCA, ressaltando seus desdobramentos em outras seções da norma. Em resumo, podemos dizer que estas seções nos conduzem ao planejamento do SGQ (atividades rotineiras) e ao planejamento de melhorias (atividades não rotineiras). Assegurar que as operações rotineiras estejam sendo conduzidas conforme planejadas, permite à organização gerenciar os processos, orientada por suas diretrizes e tomar decisões rápidas (melhorias) com base na previsibilidade dos resultados, mantendo o nível de qualidade planejado (Kaizen). Ao definir seus Objetivos da Qualidade a organização busca, também, por melhorias de desempenho alinhadas a sua intenção estratégica e adequadas ao seu contexto, que expandam a sua capacidade de agregar valor, ou seja, dedicar esforços em mudanças e inovações que transformem suas operações para lhes permitir sobreviver e crescer, sendo que uma única mudança poderá acarretar diversas alterações na organização. O Gerenciamento de Projetos é uma abordagem a ser aplicada aos Objetivos da Qualidade definidos para transformar as operações de negócios, permitindo aumentar o grau de sucesso no atingimento das metas e, desta forma, produzir os resultados e benefícios desejados. Projetos são definidos como: “Estrutura temporária, criada para entregar um ou mais produtos de negócio de acordo com um Business Case válido.” (Método PRINCE2) “Projeto é um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo.” (Padrão PMI - Guia PMBOK) “Um projeto é uma operação com restrições de custos e prazos caracterizada por um conjunto definido de entregas (o escopo que cumpre os objetivos do projeto), com base em normas e requisitos de qualidade.” (Referencial de Competências IPMA) Obs.: As definições apresentadas acima são de abordagens de Gerenciamento de Projetos, porém, não é intenção desse artigo detalhá-las. A maioria das organizações aplica o Gerenciamento de Projetos de forma intuitiva, delegando sua condução às mesmas áreas responsáveis pelas atividades rotineiras. Essa Estrutura Funcional pode até ser adequada para projetos pequenos e de curta duração, focado na melhoria das atividades rotineiras, mas, para projetos grandes e de maior complexidade se faz necessário dissociar a responsabilidade pela condução do projeto, da responsabilidade pela condução das rotinas, criando uma estrutura mais apropriada tendendo a uma Estrutura Projetizada, conforme quadro abaixo. Nessa abordagem cabe ao Gerente de Projeto planejar, delegar trabalhos a equipe, monitorar e controlar o progresso em relação ao plano original, assegurando que o escopo do projeto (Objetivo da Qualidade) seja plenamente atendido no prazo e custos determinados e no nível de qualidade especificado, para que os benefícios pretendidos sejam alcançados.
O trabalho em projetos, apesar de possuir algumas características das operações rotineiras, se difere principalmente pelo fato de não entregar produtos, serviços e resultados de forma continua, por ser temporário e terminar. Depois de concluído seu resultado entrega é absolutamente único, já que as condições de sua execução são próprias, em ambientes distintos, mesmo para projetos similares. No Brasil, conforme já apresentado nas definições de projeto acima, podemos relacionar 3 (três) abordagens de gerenciamento de projetos conhecidas e complementares entre si:
Os aspectos e componentes das abordagens de gerenciamento de projetos PRINCE2® e PMBOK®, notadamente, são perfeitamente correlacionados aos requisitos da norma ISO 9001:2015 (ver Matrizes de Correlação) e ao ciclo PDCA. Sua adoção deve ser analisada e decidida estrategicamente pela Alta Direção, relativizando aos seus insucessos, pois o desafio em alcançar a maturidade despenderá tempo e esforço, afinal... é um grande projeto para o futuro.
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